quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Para sempre - Parte 1


Era uma noite fria, muito fria, pensei até na hipótese de nevar, mas isso não ocorreu. Nesse mesmo dia, completavam-se dez anos de saudades, de lembranças. Aquela mesma dor que eu senti nos primeiros anos, veio de um modo tão intenso, como eu nunca mais havia sentido antes. Era uma quarta-feira como todas as outras, exceto o frio intenso, claro. Não estava passando nada que eu realmente me interessasse na televisão, a internet estava insuportávelmente lenta e eu precisava atualizar meu MP3. Resolvi fazer algo produtivo, arrumar a casa. Infelizmente, só existiam 3 copos, uma xícara, dois pratos e alguns talheres sujos, não era suficiente para ocupar meu tempo. Fui arrumar meu quarto, porém, havia esvaziado meu guarda-roupa no dia anterior e mandado as roupas para um asilo. Lembrei então do motivo da minha alergia, a estante da sala e resolvi finalmente enfrentá-la. Coloquei todos os livros no chão e fui passando um pano molhado na estante. Talvez se eu quisesse achar um cemitério de baratas, alí era o lugar certo. Também limpei livro por livro, desde os de receitas da minha querida vozinha conhecida na minha rua como Dona Benta, até as minhas enciclopédias da época de criança. Achei alguns albuns também, com fotos minhas e dele, mas tentei ignorá-las. Não que eu não gostasse delas, mas aquele não era um bom momento para limpar meus olhos. Quando fui colocar o último livro, derrubei uma pasta grossa, que por azar meu, estava aberta e lotada de papéis velhos. Contei até 50 e fui pegando um por um, tinha tempo suficiente para tudo aquilo. De repente, um papel me chamou a atenção. Uma folha de oficio rosa, com bastante poeira, mas notei que era rosa. Não havia envelope, nem selo. Estava apenas dobrada ao meio e escrito com caneta preta: Para a minha doce Joana. Não me sentiria culpada se abrisse, havia meu nome ali e eu só conhecia uma pessoa que me chamava de Doce Joana. A curiosidade foi maior e depois de alguns segundos - poucos, mas segundos - desdobrei o papel e comecei a ler. A carta dizia...

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