Eu era nova. Tinha uns quinze pra dezesseis anos. Ele era mais ou menos um ano mais velho que eu. Nos conhecíamos há uns 10 anos. Eu sempre fui apaixonada por ele, mas nunca tive coragem de admitir. No fundo eu podia sentir que ele também sempre fora apaixonado por mim, mas como eu... nenhum de nós tinha coragem de admitir. Passaram-se esses dez anos, e ele finalmente me convidou para dar uma volta por aí. Eu adorava sorvete. Ele também. Éramos o tipo típico alucinadamente louco por fast foods. Uma geração coca-cola alternativa! E ele havia me chamado pra sair.
Como eu deveria me sentir? Deveria sorrir? Dizer "olá"? O que é que pode ou o que não pode se falar num primeiro encontro? Digo, primeiro encontro mesmo. Eu tinha quinze anos mas nunca havia saído sozinha com um garoto. Muito menos com aquele garoto de dez anos atrás. Que roupa? Muita maquiagem? Não, nada de muita maquiagem, odeio excesso de maquiagem! Um vestido? Salto alto? Eu era péssima usando salto! Short? Short. Blusa? Camiseta? Cardigã? Rosa? Verde? Amarelo? Pulseira? E no que ele estaria pensando naquele momento? Calça, tênis e camiseta? "Ah, para os homens é sempre tão mais fácil...", pensei. Repensei. "Nada de salto! Essa maquiagem é um espalhafato! Não vou usar vestido. Não. Hoje eu vou ser quem eu sempre fui e quem sempre serei quando estiver ao lado dele: eu." Um eu um pouco mais nervoso que o normal... mas ainda assim, seria eu!
Coloquei um short, uma blusa, meu sapato preferido e uma bolsa legal. Me olhando no espelho, pude brincar de ser eu. Daí pensei... "É. Com ele eu posso realmente ser eu. Sem fingir ter um, dois ou três eus. Eu sou simplesmente eu.". Sorri. Conferi o relógio. Quase seis. O coração que tinha se aquietado voltou a dançar, e dançava rápido! De repente minhas pernas tremem. Arrumo a blusa uma vez. Duas. Três. Coço o pescoço. Olho o relógio mais uma vez. Suspiro. Corro na cozinha. Água, água! Um copo d'água pra esse coração descansar! Me olho no espelho, dou um último suspiro...
A campainha toca. É ele. E de repente meu coração se aquieta... e sorri novamente.
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